Primavera será marcada por anomalia climática


A primavera de 2016 será marcada pela atuação do fenômeno oceânico-atmosférico La Niña. De maneira geral, a ocorrência do fenômeno La Niña é favorável às chuvas na Região Nordeste e desfavorável no Sul nos meses de verão e outono.
Porém, outros fatores, tais como: a temperatura na superfície do Oceano Atlântico Tropical e na área oceânica próxima à costa do Uruguai e da Região Sul, poderão influenciar, dependendo das suas características durante essas estações, no regime de chuvas, intensificando ou atenuando os efeitos do La Niña.
A qualidade das chuvas - frequência e quantidade - nos meses da primavera é fator crucial para o bom desempenho na produção de grãos da primeira safra no Brasil.
Nesse contexto, uma análise prognóstica das condições climáticas para todo o Brasil no trimestre outubro-novembro-dezembro de 2016 apresenta-se como importante ferramenta de auxílio para o planejamento agrícola.
Os prognósticos aqui apresentados baseiam-se na análise das tendências das condições oceânico-atmosféricas que influenciam o clima no Brasil e em projeções de modelos climáticos como o do INMET.
Região Norte
A região Norte apresentou um primeiro semestre seco, chegando a ter áreas com seca classificada como de extrema intensidade, semelhante a situações observadas nas secas de 2005 e 2010.
De modo geral, os modelos climáticos indicam que a região deve apresentar forte variabilidade espacial na distribuição de chuvas, com significativa probabilidade de áreas com chuvas dentro da faixa normal ou acima principalmente no Acre e norte do Amazonas, excetuando-se o Estado do Pará, em sua porção nordeste.
Região Nordeste
Climatologicamente na região Nordeste temos o início das chuvas no sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia e nos meses de novembro e dezembro as chuvas diminuem em grande parte do litoral leste entre Natal e Aracaju.
Na primavera de 2016 a posição mais ao sul da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), a posição mais a oeste e mais ao sul da Alta Subtropical do Atlântico Sul traz grandes possibilidades das chuvas no setor leste da Região Nordeste se situarem de normal a acima da normal climatológica neste período.
Ressalta-se que a Região passa por cinco anos consecutivos de seca (2012-2016), em localidades de alguns Estados como é o caso do Ceará, tem-se observado a maior seca desde o ano de 1910.
Região Centro-Oeste
Assim como a região Norte, o primeiro semestre de 2016 foi marcado por irregularidade das chuvas e acumulados inferiores à normal climatológica.
Em algumas áreas do Centro-Oeste houve mais de 90 dias sem chuvas significativas com as represas e os reservatórios em baixa ocasionando racionamento de água em algumas áreas da região e risco de racionamento de água no Distrito Federal.
Para a primavera, começa a atuação da formação de sistemas de baixa pressão atmosférica, que geralmente estão associados à ocorrência de chuvas regulares e intensas.
A previsão para os próximos três meses (outubro, novembro e dezembro) indica chuvas acima da normal em parte do estado de Goiás e nordeste do Mato Grosso, com a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) mais ao norte de sua posição climatológica, acarretando na possibilidade, inclusive, de eventos extremos como chuvas intensas, ventos fortes e queda de granizo em todos os estados da Região.
As chuvas poderão beneficiar a agricultura e o desenvolvimento dos cultivos da Região. Já o prognóstico para o estado de Mato Grosso do Sul indica maior probabilidade de chuvas abaixo da média no trimestre, ressaltando que a média trimestral é alta.
Região Sudeste
Para a região Sudeste, sistemas de baixa pressão atmosférica, posição da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), ausência de bloqueios atmosféricos e a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), favorecerão as chuvas que por vezes será com muita intensidade em toda a Região.
Previsão em longo prazo de chuvas acima da normal climatológica, concentrada nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, beneficiando a agricultura e o desenvolvimento dos cultivos.
Os reservatórios da região deverão ser beneficiados, inclusive na região da nascente do rio São Francisco, que poderá ter um grande aporte de água minimizando a estiagem que a afeta há pelo menos cinco anos (2012 - 2016), incluindo o norte do estado de Minas Gerais, área de semi-árido que frequentemente sofre com as secas e norte do Espírito Santo.
Chuvas intensas e enxurradas nas áreas vulneráveis deverão ser monitoradas com atenção (Defesa Civil), observando sempre os avisos meteorológicos especiais que serão emitidos pelo INMET.
Região Sul
Ao contrário das outras regiões, o Sul do Brasil poderá ter uma distribuição de chuvas irregulares, porque quando há previsão de formação de ZCAS nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, poderá haver uma diminuição das chuvas (condição atmosférica conhecida como subsidência) em grande parte da Região, com destaque para os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, enfraquecendo as frentes frias e os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), principais sistemas meteorológicos que ocasionam as chuvas entre a primavera e o verão.
Previsão de chuvas irregulares e abaixo da normal climatológica, especialmente na metade norte do Paraná. Especial atenção à agricultura (manejo agrícola e escalonamento na plantação das culturas), pois poderá haver longos períodos sem chuva na região.
Características da Primavera
A Primavera no hemisfério sul inicia-se no dia 22 de setembro de 2016 ás 11h21min, horário de Brasília, e termina no dia 21 de dezembro de 2016 as 08h44min (horário de Verão).
Trata-se de uma estação de transição entre o inverno e verão, com mudanças nas condições de tempo, ocorrência de chuvas em forma de pancadas, possibilidade de granizo, ventos fortes e gradativa elevação das temperaturas durante a estação.
Devido às suas características climáticas, a estação é especialmente importante para a atividade agrícola do Brasil em quase toda a sua extensão territorial, não por acaso, coincidindo com o fim do vazio sanitário - período de impedimento de plantio como medida de combate às pragas - e a retomada das chuvas.